15 de outubro de 2007

A Igreja contra as armas

Nas suas encíclicas sociais, Leão XIII. Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II deixam mais do que claro que nós católicos somos contra as armas. Milhões de pessoas foram mortas, expulsas de seus paises, massacradas e dizimas pela força das bombas ou pelo poder das armas. Raramente servem para a defesa, porque quem ataca o faz sabendo que pode mais ou contando com a traição e a surpresa. Na maioria dos casos ter armas é o mesmo que não ter. Serve para os povos, serve para os indivíduos.
A responsabilidade maior ficará sempre com quem atacou primeiro ou com quem matou e massacrou. Há o direito de defesa, mas não o direito de ataque. Quem dá o primeiro tiro acaba legitimando os tiros dos outros. Violência gera violência em espiral e em escala cada dia mais crescente.
O Brasil é um exemplo disso. De l990 e 2.000 , em apenas dez anos, 279.923 pessoas morreram vítimas de armas de fogo, que é sempre um instrumento de agressão, ainda que o chamemos de defesa. Paises em guerra perderam menos gente do que nós, para o crime ou para causas banais. Um aposentado de Araraquara, SP, 83 anos, com sinais de desequilíbrio, fere gravemente um rapaz que empinava uma pipa na rua, mas a pipa sobrevoava o seu quintal. Tinha uma arma de fogo. Adolescente de Mesquita RJ, 15 anos, é morto por amigo de 16 anos, que brincava de atirar, achando que a arma estava vazia. Seu pai tinha uma arma. Quatro PMs ficaram feridos, quando traficantes atiraram duas granadas sobre eles na Linha Amarela. Grupo invade churrasco em BH e mata 2 e fere 7 pessoas. ( OESP 26.07.2004) Diariamente os jornais, o rádio e a televisão nos informam que, por causa das facas ou das armas de fogo, de norte a sul do país, morreram mais cem ou duzentas pessoas no Brasil. Por isso chegamos á cifra de quase trezentos mil assassinatos em 10 anos. Acrescente-se a isso a violência no trânsito, as mortes por tóxicos, onde a violência está embutida, e teremos um quadro mais do que claro.
Quem tem armas, ou já matou, ou vai matar, ou vai morrer por causa delas. Ou nos transformam em vítimas ou assassinos. Poucos as usam em legítima defesa. Na maioria das vezes são usadas com ira, que , na maioria das vezes embotam o raciocínio.Nosso índice de mortes por armas de fogo é de 18,7 mortes por cem mil habitantes. Os Estados Unidos registram 10,5 mortes pelo mesmo número de habitantes. Nosso índice é 8,7 superior. Mas, lá se fabricam 3,2 milhões de armas por ano e, no Brasil, 200 mil. Isso quer dizer que, fabricando 3 milhões de armas a menos, o brasileiro mata 8,7 a mais do que lá. Conclusão: o brasileiro usa mais das suas armas. Isso derruba o mito de que somos um povo pacífico. Mata-se mais por aqui do que em paises onde os cidadãos possuem milhões de armas a mais do que nós.
Faz bem o Governo em combater duramente a posse ou o porte de armas. Não é tudo, mas é um bom começo. As Igrejas, as escolas, as famílias e os clubes de serviço devem fazer a outra parte: semear o respeito pelo outro ser humano. Armas, só para quem sabe e tem licença de usá-las em defesa do povo. Quem tem uma arma no campo ou na floresta, talvez a use contra animais violentos, mas, na cidade, sabe que vai usá-la ou contra um cão agressivo, ou contra pessoas, E nunca sabe se vai fazer a coisa certa. Na maioria das vezes, o problema poderia ser resolvido de outra forma. Acontece que ele se sentiu ameaçado e ofendido e capaz de resolver aquele assunto.

Ele tinha uma arma!

3 de outubro de 2007

Bom ambiente e bom exemplo

O que levou o cardeal Ratzinger, hoje papa Bento XVI, a pensar no sacerdócio foi, segundo diz ele no livro “Sal da Terra” o que ele viu. Sua família era de missa dominical e seu pai, aos domingos, assistia a três missas. Orava-se em casa e, nas horas de lazer, cantava-se em família. Afirma, também, que uma vez quis ser pintor, ao ver o trabalho cuidadoso e bonito de um pintor que ele admirava. Mas como gostava de liturgia e daquelas coisas solenes da sua paróquia, sua vocação foi altamente motivada, quando um cardeal famoso passou por lá e ele viu a festa e o rito da fé. Diz o papa que crianças são motivadas por exemplos e pelo que elas vêem.

Realmente nunca saberemos até onde vai a mensagem, quando ela é profunda. Vai longe. Se for deletéria, também! Mas o bom exemplo faz mais. Deixa marcas mais profundas. Errar, todo mundo erra e, por sermos humanos, pode acontecer que demos muitos bons exemplos e algum dia, algum mau exemplo nosso fira muita gente. Ninguém está isento disso.

A palavra de Deus nos diz que devemos orar para não cair em tentação (Mt.26,41) e que quem está em pé deve cuidar para não cair.( 1 Cor 10,12 ) Escorregões acontecem com qualquer pessoa. Pedro tinha certeza de que jamais trairia Jesus e o traiu.( Mt 26,33) mas, depois, deu exemplo de contrição e arrependimento.

O bom exemplo pode vir de uma vida ilibada e irrepreensível ou de uma vida de penitência e de caridade. As pessoas precisam saber do bem que alguém fez ou faz, mesmo que tal pessoa tenha errado aqui e acolá. Não há santos perfeitos. Só Deus o é. Mas, ainda que limitados os santos deram exemplo de vida.

Oremos para que as famílias, ainda que imperfeitas, dêem o melhor exemplo que puderem. Com elas nós que anunciamos Jesus. Se errarmos, que Deus nos restaure. O provo precisará de nosso exemplo na hora do acerto e também na hora da penitência. Pedro é modelo desse exemplo. Acertou e errou. Mas sua vida mostrou que era maior do que o seu erro. A Igreja viu o seu erro e também a sua virtude. A virtude foi maior. Ele realmente amava Jesus! Ficou o seu amor e não a sua negação. Sirva isso de consolo a quem já errou alguma vez. Vale o acervo de bondade, não aqueles erros daqueles dias!