Foi triste. É sempre triste. Semana após semana lemos ou vemos que um jovem matou o outro, um jovem foi destruído pela fúria de outros. Agora ficamos sabendo que um rapaz de 19 anos começou a namorar uma menina de doze. Três anos depois fez o que fez! Os pais nem sempre concordam, mas, no tipo de sociedade que construímos, é cada dia mais comum que uma menina teime em namorar. Os pais não sabem mais o que fazer. Se proíbem, há tempo quente em casa. Se permitem, o tempo às vezes esquenta lá fora. Não é uma sociedade serena.
O que sabemos é que um rapaz, ou enlouqueceu, ou perdeu o chão por algum distúrbio que se revelou mais do que paixão de jovem. Tem mais a ver com a perda de poder do que com a perda de um amor. O menina ficou adolescente e deve ter descoberto que não lhe servia mais aquele relacionamento de namorado dominador. Já não era mais enamoramento. Era domínio. Ela se abriu para outra possibilidade, direito legítimo de qualquer adolescente.
Pelo que sabemos, ele armou-se de ira e de munição. Não aceitou ser contrariado. Segundo se viu, seu passo foi premeditado. Foi ficando cada vez mais irado e mais acuado. A amiga Nayara bem que tentou negociar. Até voltou ao cativeiro de onde saíra, esperando salvar a colega adolescente. Com mais ela lá dentro, quem sabe ele não mataria a Eloá. Arriscou a vida pela amiga, coisa que alguns jovens também fariam. Mas ele, a esta altura já perdera qualquer lucidez. Aos vinte e dois anos, quis matar duas meninas de quinze usando dos máximos poderes de que dispunha: arma e violência.
A polícia fez o que tinha que fazer. Esperou e quando julgou que o risco era extremo, invadiu. Os jornalistas fizeram o que fazem os que vivem da notícia. Noticiaram e questionaram. Alguns foram longe demais. Talvez a sua maneira de noticiar o fato aumentasse o risco. Mas arriscaram.
Mais uma vez, a população ficou sabendo de jovens que ferem e matam quando pais, namoradas ou irmãos não lhe dizem sim. Está cada dia mais comum. Pode ser a pressão da grande cidade. Pode ser a mídia sensacionalista. Pode ser a religião que falhou. Pode ser o excesso de acesso à informação. Sabem mais, namoram mais cedo, mas nem sempre sabem o que fazer com sua liberdade, com a oposição ou com o conflito. A reação de alguns é a de lobos na matilha ou símios contrariados.
O filme daquele pingüim que perseguiu o outro até à morte sob o olhar impassível de milhares de outros pingüins assusta! O fotógrafo que filmou a cena ajudou-nos a refletir. Mostrou que pingüins são engraçados e simpáticos, mas à vezes surtam. Nossos jovens também. Somos hoje uma sociedade violenta. As maiores vítimas são os adolescentes e os jovens que, ou matam ou acabam mortos.
A religião pode ajudar? A não competitiva pode. Mas a que passa a idéia de que o indivíduo foi feito para vencer, só piora o quadro. Saber perder também é cultura, a menos que consideremos o perdão uma fraqueza! Lindenberg parece ter sido derrotado por não ter assimilado a perda de poder sobre sua ex-namorada, nem a grandeza de perdoar. Não deve ter lido João 6,67!
Pe Zezinho scj
Foto: Foto: José Cordeiro/Agência O Globo
Um comentário:
Bom dia! Infelizmente a vida humana, bem como a vegetal e animal não tem mais o valor que a ela foi atribuido por Deus. As pessoas afastam-se de Deus porque Ele não prega o domínio e o poder seguidos de violência. por esta razão acontecem cenas tão chocantes quase que diariamente. Onde está o valor da oração? Quem reza mais tem maior domínio sobre si mesmo. Deus perdoe os violentos!
Casmiro Samsonas
Postar um comentário