Os peixes se devoram vivos, répteis vivem de devorar e comer suas vítimas ainda vivas, pássaros comem suas pequenas presas vivas, leões matam e às vezes comem partes dos animais ainda vivos, o ser humano primeiro mata, depois come. Muitas plantas matam outras para ocupar o seu lugar. A morte provocada do outro está disseminada pelo ar, pelas águas, pelas florestas e pelo subsolo. São os caçadores e suas presas, são as presas que escapam de um caçador e partem para caçar.
Gostaríamos que fosse diferente com a espécie humana, mas a história do ser humano também é a de ocupação do espaço das águas, das matas, dos animais e dos outros humanos, de caça, de invasão e de morte, em nome do seu povo, da sua política, da sua fé e da sobrevivência. Somos animais racionais, mas quando se vai a razão e triunfa a ideologia, o fanatismo religioso, o mercado e a ganância, matamos mais do que os animais. Bombas poderosíssimas foram inventadas para matar mais gente e deter o inimigo. E sempre há uma explicação para os novos caças bombardeiros, as novas ogivas, as novas bombas e as novas mortes do nosso lado e do lado de lá. Então, inventamos essa coisa de patriotismo, inimigo, vilão e herói. E o povo aplaude do que ouviu e viu, mas não necessariamente o que aconteceu, porque nem os governos nem a mídia contam toda a verdade.
Alguns lideres políticos que se afirmam religiosos, em nome de sua fé, de sua visão sociopolítica ou socioeconômica matam ou mandam matar e depois vão orar e dormir em paz com o Deus em quem acreditam, sabendo que mataram duas, três, vinte ou cem mil, pessoas. E dizem que não havia como não matar. Falam com Deus ou com o seu povo como se tivessem feito um grande bem ao tirar desta vida quem prejudicava sua fé, seu governo ou o seu grupo dominante. Alguns são aplaudidos e recebidos como heróis pro chefes de governo. Mas mataram e mandaram matar.
Levará milênios até que o ser humano seja de fato civilizado e mostre que é diferente das onças dos tigres e leões, das hienas, das jibóias, dos tubarões e das águias. Mas, enquanto fabricarmos bombas, punhais, e enquanto tirarmos a vida de um outro para termos o que ele tem, ou para que ele não nos atrapalhe, não podermos falar em humanidade. Seremos humanos desumanos!
Pe. Zezinho, scj
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