13 de setembro de 2008

Me dá um minuto, pai!

Oi, pai! Vou roubar um minuto do seu descanso. Senta aí, e me ouve. Vou dizer o que eu penso de você e você vai ter que me ouvir, como eu às vezes tenho que ouvir os seus sermões, que às vezes eu acho que não mereço e às vezes até acho que poderiam ser mais pesados! Vou dizer que pai você tem sido nesta casa, mas não se preocupe. Vou pegar leve!
Sei de muitos filhos que gostariam que os pais lhes dessem mais tempo e chegassem mais perto deles. Não se sentem amados nem compreendidos e há uma certa mágoa no coração, quando falam dos seus pais. Alguma coisa não deu certo entre os dois e ele foi embora viver com outra. Em muitos casos, ela, com outro.
Não é o meu caso. Vocês dois se entendem, se querem, me aceitam e eu compreendo que nem sempre você pode me dar tudo o que eu peço, quero ou preciso. Sei da sua luta por nos fazer felizes e sei que você não é um super homem. É meu pai e cuida muito bem de mim. Você é um homem que sabe amar muito bem!
Sabe aquele espermatozóide que encontrou aquele óvulo da mulher que você amava e ama até hoje? Pois é, pai, ele se fez pessoa e hoje tem treze anos. Ontem a vó me falou da alegria que foi para a mamãe e para você a notícia de que eutinha acontecido. O vô disse que, quando soube que eu nasceria, você abraçou a minha mãe e a levantou até o teto, correu para o quintal e deu três cambalhotas. Não perguntou se seria homem ou mulher. Telefonou para seus pais e amigos e gritava que agora já era pai e Deus lhe dera a graça de se multiplicar. Exagerado como sempre!
Pois é, pai. Eu também tenho vontade de dar umas cambalhotas e gritar que tenho mãe maravilhosa e pai espetacular. Tenho o maior orgulho de vocês dois. Vocês são bons. Vivem um pelo outro e pelos seus dois filhos: seu guri e sua guria. Vocês são pai e mãe nota dez!
É claro que às vezes a gente não se entende, eu levanto minha voz, discuto e grito que vocês não me entendem, você faz aquela cara de pai chateado que não vai aceitar desrespeito, depois eu peço desculpas porque meu temperamento às vezes me vence. Eu quero mostrar quem sou e você tem quer mostrar quem manda em casa. Você vence e eu perco. Fazer o quê, se ainda não cheguei à sua maturidade? Mas eu chego lá, pai! Sou lutador como você!
Apesar das nossas brigas porque eu quero e você não quer; apesar dos meus que-é-que-tem-pai? eu quero que saiba que entendo e quero sua autoridade. Eu sei que às vezes você é exigente porque quer me formar para a vida que eu aind anão saquei como é. Tenho treze anos, né pai. Sei muita coisa, mas é claro que não sei o que você sabe! Tenho colegas que fazem o que querem e agem como se o pai não significasse nada para eles e para elas. Eu não posso dizer o esmo. Seria mentira. Você se importa comigo e eu como você. Você me quer bem e eu quero você bem!
Amo você e amo a minha mãe que você, brincando comigo, diz que, primeiro ela é sua. Eu deixo, pai! Eu preciso dela e você também precisa. E acho que ela também precisa de nós três quando se aninha no seu peito e puxa a gente para o colo dela.
Pensando bem, eu entendo você, pai! Você sempre quis ser pai e, pelo visto, sempre vai querer. E nós realizamos seu sonho. Mas a recíproca também é verdadeira. Do ano passado para cá, depois que o Juliano morreu com um tiro no rosto, disparado por um bandido na porta da escola e o pai dele deu aquele show de paternidade, eu entendi melhor o que é criar e chorar por um filho. Admirei o pai dele. Homem forte, pai!
Não sei se isso lhe fará bem, mas quero que saiba: -Depois de ver você em ação, ficou bem mais claro para mim a existência de Deus e o fato de ele ser Pai de tudo e de todos. Quero sempre repetir a palavra “pai!”, quando falar sobre você ou com você.
Ter nascido de você e de mamãe e crescido com você por perto, me faz um bem enorme! Às vezes eu rezo por meus amigos que não tiveram a mesma sorte que eu tive. Espero que, do jeito deles, acabem perdoando e reencontrando seus pais, e ou alguém que os trate como filhos.
Quando a nós aqui em casa: que seja assim por toda a nossa vida..!
´Tá aí o meu discurso, pai! Passei do minuto que lhe pedi, mas acho que valeu a pena. No dia dos pais, eu, que já virei adolescente, e adolescente não gosta muito de nhem nhem nhem e abraço de pai ou de mãe na frente dos amigos, vou vencer minha resistência e te fazer um carinho. -Ave César, tua prole te saúda! Toca aqui, pai! Você é super-mega-utlra-plus-hiperdemais!
E que Deus te abençoe muito, viu?

Pe Zezinho scj

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