Pássaros são semelhantes a outros pássaros. Cães são semelhantes a determinados animais. Mas cães não são semelhantes à pássaros. Montanhas são semelhantes entre si, oceanos são semelhantes, mas a montanha não se assemelha ao mar. O mar não lembra montanhas nem aves lembram cães.
É característica dos semelhantes que um lembre do outro. Há coisas em comum que os fazem não iguais, nem parecidos, mas criaturas que se lembram. O dicionário Aurélio define a palavra semelhança: Relação entre seres, coisas ou idéias que apresentam entre si elementos conformes, além daqueles comuns à espécie.
Vale dizer: semelhante não é igual. Nem necessariamente parecido. É alguém que lembra alguém ou algo que lembra algo porque têm características em comum.
Nesse sentido é que a Bíblia afirma que o Homem é feito à imagem e semelhança de Deus (Gen. 1,26-27) e a teologia católica afirma que somos semelhantes a Deus. Em nenhum momento a Igreja quer dizer que Deus se parece conosco. Nem pode afirmar que Deus se assemelha a nós. Ele não pode ser comparado a nada e a ninguém. Quem se assemelha somos nós que precisamos ser comparados. Se alguém tem algo que lembra alguém, este alguém somos nós que temos valores que lembram o Criador. Já, Deus existiu antes de qualquer criatura e poderia continuar existindo e feliz sendo Ele mesmo, sem nós.
É preciso uma certa dose de humildade para entender o que isso quer dizer: O ser humano lembra a existência de Deus. A idéia de ser humano pode levar à idéia de Deus.
É o que diz o Catecismo Católico quando afirma no número 32 que a pessoa humana é uma das vias de acesso ao conhecimento de Deus.
Deus não se parece conosco, mas o ser humano tem algumas qualidades que apontam para Ele, o OUTRO, o grande ser, Aquele que é quem é. Somos semelhantes, mas estamos longe de ser COMO DEUS. Uma alegoria Bíblica (Ap. 12,9; Mt. 25,41) diz que a revolta dos anjos teve esse teor: Lúcifer, que significa porta-luz, quis ser COMO DEUS. Miguel (que quer dizer: quem é como Deus?), expulsou Lúcifer e seus anjos revoltos do paraíso. Por não aceitar apenas uma leve semelhança e querer mais do que isso, Lúcifer (o porta-luz, o anjo das trevas), tornou-se Satanás (o inimigo, o tentador). É apenas uma alegoria. Mas ensina o suficiente sobre nosso lugar de criaturas humanas. Podemos apontar para Deus, mas nunca seremos pequenos deuses, nem pedaços de Deus. Somos humanos. Há uma distância infinita entre Ele e nós. Deus só está perto porque quis estar perto e ser Emanuel, Deus no meio de nós.
Pe. Zezinho scj
18 de junho de 2008
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