Não é assim tão relativo quanto muita gente gostaria que fosse. Há dinheiro limpo, dinheiro sujo e dinheiro escuso. O limpo, todos sabem que se ganha com trabalho honesto e sem explorar os outros. Milhões vivem dele ou dele sobrevivem. O escuso merece investigação, porque, embora não possa ser provado sujo, limpo é que não parece. E há o dinheiro sujo que vem do roubo, da corrupção,do assalto, da droga, da morte, do preço injusto, da extorsão, da venda e aluguel de corpos e de pessoas, do produto falso e adulterado, da religião que mente e tosquia as ovelhas sob o doce argumento do dízimo, e de milhares de crimes. Estado, comércio, industria, partidos, políticos, grupos de serviço, igrejas, clubes podem muito bem conseguir dinheiro lícito, honesto e limpo; demora mais, mas é possível.
Era sobre esse dinheiro que Jesus falava, quando propunha a partilha e, na parábola dos talentos, admitia que fosse multiplicado (Mt 25,14-30). Por isso, nós católicos não somos contra o capitalismo nem contra o socialismo, quando respeitam as pessoas. Era contra o dinheiro selvagem e sem coração que Jesus se insurgia, porque amontoado por grupos de pessoas, firmas e corporações, e pelo Estado pantagruélico que, além de tirar a liberdade, come mais de sete meses do trabalho do cidadão, levando-lhe 50 a 60% do que ele produz.
No tempo de Jesus o Estado chegava cobrar 60% dos impostos. Por isso os publicanos eram tão odiados e com eles, também os homens públicos de hoje. Um Estado que não sabe viver sem juros altos está mal constituído e muito provavelmente prostituído. Todo ser humano tem o direito de possuir, desde que não possua com injustiça e não se aposse do que não lhe pertence. O Estado tem o direito de cobrar impostos, já que é raro alguém dar livremente o que tem para os governantes. Os religiosos dão 10% para os pregadores, confiantes de que sua igreja vai crescer e que eles aplicarão honestamente o que foi dado para a Igreja. Mas também ali acontece o desvio.
Com o tempo fica difícil saber se foi dízimo, ou extorsão, tal a culpa que a pessoa sente. Quando vira imposto, o dízimo não é nada santo! Vira extorsão a ritmo de oração. Uma nação tocada a dinheiro sujo parece um rio de águas desviadas. As igrejas, as escolas, as Ongs, os comunicadores e os políticos sérios, precisam urgentemente insistir na cultura do “meu”, do “nosso” e do “não meu”, segundo já insistia o filósofo Platão no seu tratado “De Republica”, quinto livro.
Como estão, o Brasil e outros paises em crise permanente, não deslancharão. São barcos amarrados ao cais pelos cabos da corrupção e do crime.
O único jeito é dar cabo desses cabos!
Pe Zezinho scj
7 de junho de 2008
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